Z e Marx
Por: Vanessa Dorigon
Formiguinha Z é uma produção da Dreanworks, uma animação destinada ao
público infantil, porém pode-se analisá-la mais a fundo, a fim de reconhecer
alguns aspectos importantes da teoria Marxista. O referido filme pode formar
ideologias ou levar-nos a pensar, tudo depende de como analisamos o filme:
criticamente ou alienadamente.
Marx destaca a rígida divisão
de classes existentes na sociedade que é determinada pelo poder concedido à
dominante. No filme a divisão de classes é bem nítida. Temos, na base da pirâmide,
sustentando todo o resto, as formigar operárias; logo acima, temos as formigas
soldados, responsáveis pela proteção da colônia, são as mais robustas e
corajosas – ou inconsequentes – e por fim temos, como sempre, a
nobreza/governo, constituída pela rainha e pela princesa, responsáveis pela
procriação/continuação da colônia. As operárias, mesmo sendo as mais numerosas
não se atreviam a reclamar, pois “é isso que um operária faz”, trabalhar e
obedecer à ordens sem pestanejar. Estão, eis que surge Z, a formiga rebelde do
filme! Z retrata a luta pela liberdade, uma luta política, uma luta pelo direito
de decidir sobre sua vida. Z, ao que parece, é o único que percebe que não
precisa fazer tudo o que é mandado, pois ele não acha que nascemos
predestinados à função a ou b. Z é um revolucionário, sonha como um futuro
melhor, é um pensador, um crítico de seu sistema social.
Outro conceito de Marx que merece destaque é o da “Luta de Classes”.
Este conceito se materializa no filme no momento em que os operários movidos
pelos ideais e atitudes de Z, revoltam-se contra o poder, representado por
“Mandíbula” o general, contudo, todo esse fervor de conquistar sua liberdade é
abafada pela retórica do general, ele consegue fazer com que as formigas
revoltadas voltem aos seus devidos lugares, distorcendo os atos de Z, dizendo
que ele só se importava com ele mesmo e que tinha fugido da colônia após sequestrar
a princesa.
A ditadura do proletariado, como afirma Marx, é o que, pela lógica
numérica, deveria acontecer na sociedade, os proletários são em maior número,
portanto poderiam, no momento em que se unissem, derrubar o poder vigente e
assumir o poder. No final do filme, quando o formigueiro está sendo inundado,
as formigas operárias unem-se para formar uma pirâmide para se salvarem. Mandíbula,
o “poder vigente”, é afogado dando a vitória às operárias. Contudo o poder
acaba sendo devolvido à “monarquia”, porem agora, com um representante da plebe
nas tomadas de decisões: Z.
A mais-valia, segundo Marx, é todo o excedente produzido pelos
trabalhadores que se transforma em benefícios quase exclusivos dos mandantes.
Como na colônia de formigas não havia comercialização para obterem-se lucros, a
mais-valia é representada pelo trabalho excessivo – o porquê não exploratório?
– realizado pelas formigas operárias. Havia dizeres do tipo “O trabalho
edifica” e “Trabalhar para depois desfrutar”, ou mesmo “Trabalha duas vezes e
descanse uma”. Todas estas frases de “incentivo” tinham com objetivo inculcar,
cada vez mais fundo, as ideologias priorizadas pelas classes dominantes. A classe
dominante, tão bem representada por Mandíbula, almeja operárias submissas a
ponto de construírem um túnel que as conduzia à própria ruína.
Não se pode deixar de notar que a real finalidade deste filme é
enaltecer os ideais Americanos. Porém, ele ilustra muito bem o sistema que Marx
critica. Um sistema que apenas reproduz indivíduos exatamente iguais ao
protótipo original, seres que não usam a sua capacidade de pensar sobre o que é
imposto a fazer. Marx afirma que o que funda a sociedade é o trabalho. Isso é
verdade, é só observarmos a organização social que é dependente de toda a
espécie de serviços. Se não precisássemos dos outros, não teria por que viver
em sociedade: muito melhor não precisar lidar com as pessoas, pois estas são os
seres mais complicados de entender e contentar.
Uma cena muito interessante é a classificação das formigas bebê. Elas
são levadas para uma espécie de esteira onde são avaliadas fisicamente e por
esse único motivo é decidido o que será – operária ou soldado. A cena nos dá a
impressão de uma fábrica de bebês. Logo depois dessa “democrática” seleção,
temos uma cena que retrata a alienação do trabalho: formigas trabalhando sem
parar, fazendo a mesma coisa dia após dia e sem saber por que fazem tal
escavação. Isso indigna nosso personagem principal, ele não se conforma em não
poder decidir o seu próprio futuro e suas ações. Ele chama a atenção de suas
companheiras para a gritante realidade,
porém elas zombam dele. Estão completamente dominadas pelo sistema, fazem
exatamente o que são mandadas fazer, de maneira homogênea até na hora de
dançar, nas palavras de nosso herói: “São todos zumbis sem cérebro, capitulando
ante a opressão do sistema”. Assim podemos afirmar mais uma das ideias de Marx:
“alienação do trabalho gera todas as outras”. As formigas não pensam no que fazem
como fazem, porque fazem tudo o que lhes é imposto. Deste modo eles têm hora e
modo correto para dançar, trabalhar, pensar; sua profissão é escolhida pelo
sistema e não por suas vontades. São alienadas em todos os ângulos possíveis.
O filme Formiguinha Z (Ant Z, no titulo original) ajuda-nos a
compreender o sistema criticado por Marx. Ilustra de forma bem simples a
alienação social a que são importas as pessoas. Como o sistema social manipula
indivíduos para alcançar e efetivar suas ideologias. Umas das ferramentas mais
poderosas para alienar pessoas é o trabalho, este que continua o trabalho da
escola: formar pessoas de acordo com a lógica dominante.
FormiguinhaZ - Dreanworks |
muito bom...valeu....me ajudara muito no meu trabalho....obrigada
ResponderExcluirNossa maravilhoso texto parabéns, me ajudou muito no meu trabalho!
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